terça-feira, 15 de maio de 2012


Novamente havia acordado atrasada, assim como tudo em sua vida: em cima da hora. Nunca antes, sempre agora. Calçou os sapatos e tomou aquele gole de café, esperando que o líquido corresse por suas veias e lhe animasse. Não sabia o que era ânimo há um bom tempo. Dilemas. Sempre dilemas. Sempre duas opções; "Deus, por que o senhor não manda uma coisa de cada vez?". Era relatório pra entregar, criança pra cuidar, amiga pra acudir, coração pra curar, chefe pra pirraçar, mãe pra reclamar e namorado... Bom, namorado pra não ter. Como todos, seu último caso sério a abandonou eu uma noite de sábado chuvosa e foi pegar uma festa, deixando-a se afogar na cachoeira que suas lágrimas inventaram; ou melhor, que o desgraçado inventou. Pois bem. Recomeçou sua vida depois disso e não mais queria saber de homem, nem mulher, nem qualquer outra coisa. Só queria sua companhia triste e solitária que lhe proporcionava bons brigadeiros sem culpa de celulite ou pneu pulando pra cima da calça. Proporcionava filmes com direito a pote de sorvete com lágrimas derretendo e enojando tudo que possa ser gostoso. Direito a música alta e encenações diante do espelho pra treinar sua auto-confiança quando visse o palhaço novamente, e claro, sempre rezando para que ele acordasse e visse o que perdeu, voltasse correndo para seus braços sempre abertos, despejando carência. Meses vão, meses vem. Choros vão e não voltam mais. Confiança vem e fica tudo bem. O lado bom do solteirismo chega e junto chega outro bicho pra tentar acabar com a festança toda. POR QUE? "Escuta aqui, se um dia esse veadinho te machucar, lembra de como é bom viver sozinha, você sabe e você gosta disso. Por favor, não pense que sua felicidade é determinada por alguém. Você é sua única fonte inesgotável de felicidade." Repetia na sua mente para não esquecer e para acreditar. E estava decidida: antes ela, depois ele. E assim foi. Sem pressa, sem dor. Sem pressa e nasceu o amor. E desse amor veio a péssima recordação da ferida, da cicatriz que ainda estava em seu coração. Medo de perder. Medo de pensar ter e se ver só. Mas decidiu ir fundo. Com uma encaixadinha aqui e outra ali não teria como dar errado. Sempre andava com um pé atrás, a procura de evidências que comprovassem que homem algum presta. Mas aquele era diferente. Ele preenchia as prateleiras com os ursinhos de pelúcia mais fofos. E sua risada com covas gigantes confortava seu coração. Ele a amava. Ela podia sentir isso. Mas o maldito diabo sempre vinha encher sua mente com bobagem, fazendo a infeliz desconfiar de tudo e todos. Até que um dia deu um basta: "vou ser feliz, vou me entregar". E assim o fez. Isento de tristezas e decepções ninguém é. Mas cada um pode escolher o caminho que segue. Otimismo ou pessimismo? Ver o lado ruim ou o lado bom? Perdoar ou debater? Confiar ou sofrer? Escolheu ele. Ser feliz não é lá tarefa tão difícil, vai.

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