domingo, 29 de junho de 2014

Ensaio sobre a vida

Abrir mão de ilusões nunca foi algo fácil. Esta é uma escolha que demanda tempo e mudanças de hábitos, e não simplesmente uma ideia imediatista. Porém, quando resolvemos convictamente que está na hora de abrir mão é porque já pagamos muito caro por algo: tudo tem seu preço, e se iludir não é uma pechincha. Custa caro, muito caro.

Nossa sociedade prega que a vida perfeita é apenas aquela com final feliz, com dinheiro, com um homem gostoso e rico ao seu lado, com filhos educados, com o carro e a casa impecáveis. Mas o que ninguém fala é que tudo isso não passa de uma ilusão, de um buraco negro. Eu, pelo menos, sempre tive a crença de que perfeição não existe, e eu nunca vou atingi-la, até mesmo porque não tenho essa ganância. Mas em contrapartida é extremamente desgastante viver em um mundo no qual as pessoas vivem em total competição, dá vontade de parar tudo e gritar "EIIII, EU QUERO SER CAFÉ COM LEITE NESSA PORRA, OK? NÃO TÁ VALENDO, EU NÃO FAÇO PARTE DESSE JOGO!", mas muitas vezes remar contra a maré tem suas desvantagens, mas mesmo assim, vale a pena. Nunca quis e nunca quero ter uma vida igual a tudo que se vê. Quero uma vida que seja trilhada apenas por mim, com coordenadas minhas e de mais ninguém, afinal, meu maior temor é não ter vivido essa vida de maneira íntegra, sabe? Olhar pra trás e ver que vivi pelos outros, sempre esperando por aprovações desnecessárias.

Eu não quero um homem gostoso, não quero nadar em dinheiro, não quero ter o melhor carro do ano e nem a melhor casa, quero que meus filhos saibam ser traquinas e críticos, e não meramente máquinas. Me basta um homem que me ame - pode ter pança, pode ser careca, pode falar palavrão a vontade - quero uma grana que sirva para suprir algumas baboseiras que a gente quer, quero um carro que ande e quero ter um teto confortável. Isso está mais que suficiente. O que me enche são coisas internas, é o equilíbrio, a paz, a consciência leve e gostosa de quem vive com todas as letras, sem frescuras, sem graça. Gozar da vida e gozar na vida são atitudes necessárias. Pessoas bitoladas me dão fadiga.

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